A vocação cristã: compromisso batismal
“Deus disse: ‘Façamos um ser humano, à nossa imagem e segundo nossa semelhança’” (Gn 1, 26ª)
No ato Criador, quando modelava o homem à sua imagem e semelhança, Deus soprou seu Espírito sobre o barro modelado e encheu de vida sua nova criatura. Já no momento de sua criação a humanidade recebeu o dom da vida, o chamado à vida. Eis a sua primeira vocação. Contudo, a experiência do pecado afastou a humanidade de seu Criador, e aqueles que foram criados para ser imagem e semelhança de Deus, passaram a não se reconhecer mais nessa semelhança. Diante disso, em sua infinita misericórdia, Deus Pai enviou seu Filho para redimir toda a humanidade pecadora e lhes mostrar o caminho a seguir na busca do encontro com aquele que tudo criou.
Estando entre os homens, o Filho curou, advertiu e ensinou quais atitudes tomar no caminho que leva à salvação. Sendo o Cristo, atraiu para si uma multidão de pessoas que, tocadas por suas palavras e ações, transformavam suas formas devida e passavam a viver conforme lhe fora ensinado. Sendo Santo, fazia santos aqueles que o ouviam. Após ressuscitar, deu aos seus discípulos a missão de espalhar pelo mundo a Boa Nova, batizando todos os que se comprometiam com a proposta de vida ensinada.
Séculos se passaram e ainda hoje, geração a geração, os seguidores do Cristo batizam e fazem nascer novos cristãos. Contudo, é preciso sempre recordar o sentido do batismo olhando para a Tradição e para as Sagradas Escrituras. Como dito acima, aqueles que ouviam a Jesus e seus seguidores assumiam a fé de forma integral. O batismo se apresentava como uma celebração de passagem onde uma vida ficava para trás e outra vida era assumida. Morte de uma vida e nascimento para outra vida pautada pelos ensinamentos da fé.
Nesses dois milênios de cristianismo, inúmeros foram os homens e mulheres que, assumindo o batismo, viveram em busca da santidade e colaboraram com o anúncio da Palavra nos diversos lugares onde se encontravam. São Francisco, Santa Clara, Santa Isabel, São Félix, São Pio de Pietrelcina, Frei Damião e tantos outros, são exemplos de pessoas, dos mais diversos séculos, que se disponibilizaram a viver radicalmente o compromisso batismal.
Ser um frade capuchinho é, assim como as pessoas citadas acima, ser alguém motivado ao cumprimento do compromisso batismal. Todos os batizados são naturalmente consagrados ao Senhor, mas a vocação religiosa capuchinha consiste no desejo radical de viver esta consagração. Para dá um passo tão significativo é preciso primeiro dar passos menores, então é preciso refletir: como está a vivência do meu compromisso batismal? Como anda a sua vivência de fé?