Celebração marca os 80 anos dos Capuchinhos do RS

Celebração marca os 80 anos dos Capuchinhos do RS

O dia 24 de julho é sempre uma data importante para os Franciscanos Capuchinhos do RS. Neste ano, se recorda que, há 80 anos foi criada a Província do Rio Grande do Sul, tendo como Padroeiro o Sagrado Coração de Jesus. O início da presença dos freis no RS foi denominado como Missão. Mais tarde em 1906 havendo a perspectiva que os frades poderiam vir para o RS, foi elevada à Comissariado permanecendo até 1937, depois foi elevada a Custódia até se tornar Província, sendo a primeira Província Capuchinha da América Latina e no Hemisfério Sul. 

Tendo em vista este fato histórico, no dia 24 de julho de 2022 na Igreja São Pedro de Garibaldi/RS aconteceu à missa em ação de graças para celebrar os 80 anos da Província dos Franciscanos Capuchinhos do RS e também recordando os 125 anos de presença e missão no RS. A missa foi presidida pelo Conselheiro Provincial frei Volmir Warken.

A cidade de Conde d'Eu (hoje município de Garibaldi) foi aonde em 18 de janeiro de 1896 os primeiros frades no RS chegaram, sendo eles: frei Bruno de Gillonnay, frei Leão de Montsapey e  frei Rafael de La Roche com a finalidade de atenderem os imigrantes italianos da região.

Com a igreja lotada, frei Volmir em sua homilia deixou a mensagem que segue:

“Estimados confrades, estimados irmãos e irmãs de vida consagrada, estimadas irmãos e irmãs, autoridades aqui presentes, na igreja Matriz, São Pedro em Garibaldi; estimados confrades, estimados irmãos e irmãs que de perto ou de longe rezam e celebram conosco através das redes sociais e Rede Tua rádio. Minha saudação franciscana de Paz e Bem!

Transmito aqui abraço fraterno de Frei Nilmar Gatto, nosso Ministro Provincial, frei Evaldo Freitas e frei Irineu Trentin que estão retornando da visita fraterna a Delegação Provincial no Haiti iniciada a 15 dias e do frei Claudelino Brustolin aqui presente, que juntos formamos a equipe do Governo Provincial.

A Liturgia da Palavra do 17º Domingo do Tempo Comum nos convida à reflexão sobre o tema da Oração sincera, pura, dialogal, confiante e frutuosa, que nos coloca numa relação filial para com Deus e de irmãos entre nós. A primeira Leitura (Gn 18,20-32) nos apresenta Abraão como alguém que sabe fazer da Oração um verdadeiro diálogo com Deus. Colocando-se diante d’Ele com ousadia e confiança, apresentando suas inquietações, dúvidas, anseios, procurando captar Sua vontade para a humanidade.

No Evangelho, os discípulos veem Jesus em atitude de oração. Eles também sabem rezar, pois aprenderam isso desde a infância. Mas percebem algo diferente na oração de Jesus. Por isso lhe pedem: “Ensina-nos a orar!” Jesus atende o pedido deles e apresenta-lhes a oração que todos conhecemos: o Pai-nosso.  Se Jesus ensinou uma oração, isso não significa que essa oração tenha um poder mágico. Repetir essa oração não vai produzir automaticamente nenhum efeito especial. Mas se a transformarmos em convicções, em compromissos e atitudes de confiança, ela nos dará saúde e vitalidade de espírito. Receberemos, como prometeu Jesus, o Espírito Santo. Teremos em nós os mesmos sentimentos que animaram o caminho de Jesus. Estaremos nos comprometendo sempre de novo com o sonho e o projeto de Deus de fazer deste mundo uma casa digna para todos os seus filhos e filhas; estaremos nos comprometendo com o pão de cada dia, o nosso e o de nossos irmãos; estaremos nos capacitando para viver relações de respeito e de perdão; e combateremos aquilo que nos pode envenenar por fora e por dentro. Por isso, pedimos hoje, como os discípulos: “ensina-nos a orar!”

Neste domingo a Igreja celebra o Dia Mundial dos Avós e dos idosos. Essa comemoração, instituída pelo Francisco no ano passado, para celebrar os avós e idosos no mês em que a Igreja faz memória de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora e avôs de Jesus, tem o sentido de expressar a atenção, o respeito e o cuidado com aqueles que nos apresentam um caminho de vida cheio de sabedoria. 

O Papa Francisco na mensagem este ano diz que é necessário olhar para os idosos com respeito, vendo-os como benção e não como peças a serem descartadas. Fazem parte de “uma estação que continua a dar fruto”. E fruto que contribui para a revolução da ternura, uma necessidade do tempo de hoje. O Papa como idoso assim diz: “Neste nosso mundo, queridas avós e queridos avôs, queridas idosas e queridos idosos, somos chamados a ser artífices da revolução da ternura! Façamo-lo aprendendo a usar cada vez mais e melhor o instrumento mais precioso e apropriado que temos para a nossa idade: a oração. Tornemo-nos, também nós, um pouco poetas da oração: adquiramos o gosto de procurar palavras que nos são proprias, voltando a apoderar-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina”.  Rezemos neste domingo por todos os avós e idosos. Aprendamos deles a sabedoria da vida e os honremos dignamente. 

A Província dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul mais uma vez está em festa. Estamos celebrando 126 anos de presença e missão no Rio Grande do Sul e neste dia de forma especial, 80 anos da criação de nossa Província.

A história dos Capuchinhos iniciou no século XVI, num momento de renovação da Igreja em meio às grandes transformações econômicas, políticas, sociais, culturais e religiosas, quando alguns frades se propuseram retomar o espirito e o modelo de vida original de Francisco de Assis vivendo uma nova forma de vida franciscana, privilegiando a oração, a simplicidade, a presença junto aos empobrecidos empestados e assim dar uma resposta mais Evangélica, mais eficaz para as exigências que a realidade lhes apresentava.

Pela reforma e reconhecimento os capuchinhos herdaram de Francisco de Assis o mesmo vigor missionário e eremítico. Foi justamente para atender o chamado missionário da Igreja que os Capuchinhos Franceses de Sabóia (França) implantaram a Ordem Capuchinha no RS em 1896. Os pioneiros foram frei Bruno de Gillonay e frei Leão de Montasapey. Chegaram aqui, que na época se chamava Conde d’Eu e hoje é esta querida e maravilhosa cidade chamada Garibaldi para serem missionários populares entre os imigrantes italianos. Tão logo chegaram, iniciaram suas atividades missionárias, tornando-se missionários itinerantes.

Não demorou muito e o espírito missionário e o campo de ação apostólica dos freis expandiram-se para outras regiões do estado. As missões populares, a eficaz ação paroquial, o forte espírito missionário, a pregação popular, a alegria franciscana, a simplicidade de vida, as devoções religiosas, a disponibilidade contínua para atender as necessidades espirituais e mesmo materiais do povo, desencadearam um movimento que resultou no aumento de vocações e no crescimento de frentes missionárias dos Capuchinhos no Rio Grande do Sul. No dia 18 de junho de 1898, foi aberto o primeiro seminário para acolher vocações já naturais do Rio Grande do Sul. Em 1900 Frei Simão Pelizzoni fez os primeiros votos e depois dele muitos outros foram assumindo a vida consagrada Capuchinha.

Como vocês podem ver e perceber através da exposição dos banners, um longo caminho foi percorrido desde a chegada dos missionários franceses em 1896. Por causa das situações adversas à vida consagrada no velho continente, a vinda para o Rio Grande do Sul, foi concebida inicialmente como “missão refúgio São Francisco de Assis”, portanto, concebida como uma presença transitória que logo foi superada. Em 1902, tornou-se comissariado provincial (uma frente missionária) e Custódia em 1937. No dia 24 de julho de 1942, exatamente 80 anos hoje, o Ministro Geral, Frei Donato Welle, com um sucinto telegrama instituiu a Província de Caxias do Sul, e posteriormente, em 1964, passou a ser denominada Província do Rio Grande do Sul, sendo seu protetor o Sagrado Coração de Jesus e seu patrono o Imaculado Coração de Maria.

Historicamente, é a primeira Província Capuchinha na América Latina. A Província Sagrado Coração de Jesus tornou-se numericamente sólida e geograficamente abrangente. Ao longo dos anos, marcou presença no Sul do estado de Santa Catarina, em São Paulo, Portugal, África, Nicarágua, França, Itália e República Dominicana. Deu início, ajudou na organização e fundação da Província Nossa Senhora de Fátima, no Brasil Central (Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Tocantins), que é a primeira província originária de outra província brasileira. Os frades gaúchos iniciaram também, e ainda hoje mantém vínculo e auxiliam na missão, na Custódia São Francisco de Assis, no Brasil Oeste (estados do Mato Grosso e Rondônia). Em 2007 iniciamos a presença no Haiti, que em 2014 torna-se Delegação Missionária Provincial do Haiti, com a qual os Capuchinhos do RS ainda mantem vínculo e auxiliam na missão. 

A fundação da nossa Província há 80 anos atrás, foi uma grande dádiva de Deus, através da Ordem Capuchinha, que reconheceu formalmente a riqueza da diversidade, do carisma, da atuação pastoral e da organização que a “frente missionária” vinha realizando ao longo dos anos. No momento em que a nossa Província foi criada, a Ordem Capuchinha depositava oficialmente em nossas mãos a responsabilidade de levar e viver o carisma franciscano-capuchinho nas diferentes regiões, ambientes, realidades onde estamos presentes e colaboramos na missão e evangelização.

Muitas são as marcas deixadas na história religiosa, cultural, politica, social e econômica das áreas atingidas pela Província: a marca da Fraternidade, da Oração e Espiritualidade Franciscana, da Missionariedade, da Itinerância, da Minoridade, a marca da Simplicidade, do Trabalho, da Criatividade, a marca da Gratuidade, da Proximidade, da Escuta, do Perdão, da Misericórdia, da Solidariedade, da Caridade, a marca da Interculturalidade e Inculturação, do Cuidado e Valorização da Vida, do Cuidado da Casa Comum, a marca da Comunicação, Formação, Informação e Conscientização, a marca da “Igreja em saída”, da Igreja Missionária, valorização dos Ministérios Leigos, a marca da Sinodalidade, a marca dos “frades do povo”, a marca da Alegria, da Esperança, da Justiça, da Paz e do Bem. 

Agradecemos a todas as pessoas que estiveram ou estão conosco nesse caminhar, com espirito e prática Sinodal. A Província mãe de Sabóia, todos os frades pertencentes a nossa Província (incluindo a Custódia e a Delegação Provincial no Haiti) e os que já estão na morada eterna, os jovens que estão nas diferentes etapas formativas, os ex-freis e ex-seminaristas, os frades da Conferência dos Capuchinhos do Brasil e da nossa Ordem Capuchinha, os irmãos e irmãs de Vida Consagrada das diferentes congregações religiosas, sobretudo da Família Franciscana, os irmãos e irmãs das fraternidades da Ordem Franciscana Secular, os jovens da JUFRA, os adolescentes e jovens dos grupos do TAU 04, os/as zeladores e associados/as da Associação Antoniana, os/as Animadores Vocacionais, os Bispos, Padres, Diáconos, Lideranças e querido povo de Deus que nos acolheram e acolhem nas Dioceses, Paróquias e Comunidades Eclesiais, os irmãos e irmãs das Igrejas Ecumênicas, todos os benfeitores, colaboradores, educadores, servidores, trabalhadores de nossas casas e secretarias paroquiais, Paróquias, Fraternidades,  casas (de maneira muito especial os que cuidam com muito carinho os freis que estão na Casa São Frei Pio), Conventos e Pousadas, instituições, fundações, projetos sociais, empreendimentos, cujos nomes é impossível recordar todos mas estão no coração de Deus. Nossa gratidão as famílias de cada um dos frades (vivos ou falecidos), os irmãos e irmãs, homens e mulheres, jovens, adultos e crianças que compartilharam e compartilham conosco tantas vivências, sonhos, desafios e conquistas, nas famílias, nas casas formativas, nas missões populares, paróquias e comunidades eclesiais, na formação e valorização dos ministérios leigos, na área da saúde, educação, cultura e ação social, na área da comunicação e desenvolvimento econômico, no Serviço de Animação Vocacional.  Por tudo o que fora vivido, que está sendo vivido e pelo futuro que se descortina, somos gratos a Deus.

Celebrar o aniversário de 80 anos de Criação da Província nos convida para olhar no ‘retrovisor’ da nossa história com um olhar de gratidão pelo bem realizado, olhar crítico e provocador em vista do presente e do futuro. Nosso Ministro Provincial Frei Nilmar Gatto na apresentação do livro escrito pelo frei Vanildo Zugno “Frades Menores Capuchinhos no Rio Grande do Sul (1896-2021)” assim nos diz: “Reviver a história possibilita revelar quem fomos e quem somos. Desperta em nós um constante interesse de buscar descortinar o passado, retendo na memória as conquistas, os lugares, as oportunidades, como também os perigos que os nossos antepassados experimentaram no caminho de cada história, em nível pessoal e fraterno. Evoca, de uma maneira especial o elã missionário, marca motivadora, que revigora nosso espirito fraterno e evangelizador”. Portanto, queridos irmãos e irmãs, Celebrar o Jubileu dos 125 anos de presença e missão dos Capuchinhos no RS e 80 anos de Criação da Província Sagrado Coração de Jesus é uma oportunidade de voltar às origens, oportunidade de reconhecer as nossas limitações, erros e fragilidades, oportunidade de recomeçar, com maior firmeza, compromisso e esperança, oportunidade de criar e fortalecer nas famílias, comunidades e frentes de missão, a cultura vocacional, suscitando nos jovens o desejo, o encanto para conhecer e assumir a nossa vida como sinal de esperança e continuidade da Missão de nossa Província iniciada a 126 anos.

Inspirados pelo nosso Padroeiro São Francisco de Assis, pelo testemunho de muitos frades, principalmente pelo servo de Deus, frei Salvador,  nós freis, com a ajuda do querido Povo de Deus, em comunhão com a nossa Igreja e a Ordem, como Irmãos em espirito de Identidade, Pertença e Missão, possamos continuar a construir a história de nossa Província com o nosso testemunho, nossa vivência religiosa no carisma franciscano, nosso trabalho em nossas casas, nosso testemunho de fé e de Fraternidade, nossa vida apostólica, nossa missão. Que o Senhor continue a nos abençoar e santificar a fim de que venhamos a ser uma Província grande e santa, conforme o desígnio de Deus e de São Francisco de Assis”. 

Ao final foi cantado os parabéns e também realizado os agradecimentos por parte do Pároco frei Jadir Segalla.

 

Autor:
Assessoria de Mídias do RS
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