Junho Verde
“(porque tudo está) Tudo está interligado como se fôssemos um! Tudo está interligado nessa Casa Comum!”
Pe. Cirineu Kuhn, svd
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada por todos os Estados-Membros das Nações Unidas em 2015, e que entrou oficialmente em vigor em 2016, define as prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030 e procura mobilizar esforços globais à volta de um conjunto de objetivos e metas comuns.
São 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que representam um apelo urgente à ação de todos os países – desenvolvidos e em desenvolvimento – para uma parceria global. Os ODS reconhecem que a erradicação da pobreza e outras privações devem ser acompanhadas de estratégias que melhorem a saúde, a educação, reduzam a desigualdade e estimulem o crescimento econômico – ao mesmo tempo que combatem as alterações climáticas e preservam os ecossistemas. Os ODS definem as prioridades e aspirações globais para 2030 em áreas que afetam a qualidade de vida de todos os cidadãos do mundo e daqueles que ainda estão para vir.
Estes objetivos assumidos pelos 193 países das Nações Unidas têm como ambição “não deixar ninguém para trás”, através do estabelecimento de uma linguagem comum que fixa metas de sustentabilidade com foco em áreas críticas para a humanidade, e estruturam-se em torno de 5 princípios: Planeta, Pessoas, Prosperidade, Paz e Parcerias. A esta altura percebe-se o nível de envolvimento de inúmeras instituições neste projeto global e o profundo interesse da Igreja em colaborar com seu desenvolvimento.
Em vista disso, e inspirados pelos apelos do Papa Francisco, os bispos do Brasil enviaram ao Poder Legislativo Federal um Projeto de Lei propondo uma ação conscientizadora e educacional acerca do desenvolvimento sustentável. Foi acolhida pelo Congresso Nacional a proposta da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para instituir a Campanha Junho Verde – que virou lei. A norma 14.393/2022 altera a Política Nacional de Educação Ambiental e institui a celebração do mês temático como parte das atividades educativas na relação com o meio ambiente. O texto foi sancionado em 4 de julho de 2022.
O objetivo da Campanha Junho Verde é “desenvolver o entendimento da população acerca da importância da conservação dos ecossistemas naturais, de todos os seres vivos, do controle da poluição e da degradação dos recursos naturais, para as presentes e futuras gerações”. Para o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da CNBB na época, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a Campanha Junho Verde “é passo importante na consolidação do entendimento de que todos devem buscar o desenvolvimento integral, que considera a essencialidade do equilíbrio na Casa Comum”. Ele espera que a lei “possa inspirar o nascimento de um novo tempo, com avanços na defesa da centralidade da vida”.
Destaque no texto é a indicação que as iniciativas da campanha devem observar o conceito de ecologia integral, que inclui as dimensões humanas e sociais dos desafios ambientais. É este o conceito que permeia as reflexões e os apontamentos do Papa Francisco nas encíclica Laudato Si’ e Fratelli Tutti e em muitos outros textos, pronunciamentos e atitudes.
A lei estabelece que a Campanha Junho Verde será promovida pelo poder público federal, estadual, distrital e municipal em parceria com escolas, universidades, empresas públicas e privadas, igrejas, comércio, entidades da sociedade civil, comunidades tradicionais e populações indígenas. A campanha deverá incluir ações voltadas para divulgação de informações, sensibilização para boa relação com os recursos naturais e promoção de debates sobre temas relacionados a ecologia. São 16 iniciativas listadas na lei.
Nessa linha, a PUC-SP marcou presença nessa campanha nacional de educação e conscientização. O Dia Mundial do Meio Ambiente, dia 5 de junho, foi marcado no campus Ipiranga com a I Campanha Junho Verde. O objetivo foi proporcionar um momento de conscientização da conservação dos ecossistemas e da dignidade humana para os discentes e docentes do curso de Teologia. O evento Campanha Junho Verde foi organizado pelo professor Matthias Grenzer com um grupo de discentes composto por três frades conventuais, Frei Rodiney e por mim. Contamos também com a preciosa colaboração do Frei Marcelo Toyanski, que fez o contato com os irmãos que conduziram nossos momentos de formação.
Dividido em dois momentos, o evento contou com a condução do Padre Dario Bossi, comboniano e membro da Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da CNBB, e de Frei Marx Rodrigues dos Reis, OFM e responsável pelo serviço de ação social da Província Franciscana da Imaculada (Sefras). Nas colocações do Padre Dario, foram apresentados os caminhos de eco-espiritualidade a partir das luzes encontradas na realidade amazônica, com o eixo principal: escuta, indignação e conversão-profecia. Frei Marx divulgou o filme “A Carta: uma mensagem pela nossa Terra” e a Plataforma de Ação Laudato Si’ do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. O evento também contou, nos intervalos, com uma convivência fraterna e partilha de frutas frescas.
No encerramento deste texto, gostaria de partilhar com os irmãos não apenas informações como as citadas acima, mas também um aprendizado pessoal. Muitas vezes esses breves projetos parecem não levar a nada, no entanto, são as pequenas ações que tocam as realidades mais particulares dos grupos sociais – o grão de mostarda carrega em sua pequenez um imenso potencial. Acredito que nosso simples trabalho, quando levado em parceria e espírito fraterno, é realmente capaz de tornar o mundo um lugar melhor.
*com informações de ONU Brasil e CNBB*