Meninos Ruins e Menino Bom

Meninos Ruins e Menino Bom

Como um “Menino Ruim”, quero falar de um “Menino Bom”, atarracadinho e simples. Um menino vestido de singeleza, ternura e bondade. Falo de Frei Juca, que nos deixou. Porque com ele nós sepultamos o amor, a alegria, a bondade e o cuidado com a vida em fraternidade. Este “Menino Bom” brilha agora no céu.

Como um “Menino Ruim”, egoísta e egocêntrico, quero falar daquele que era a bondade e cuidado com os outros irmãos, especialmente os pobres e doentes. Que o Senhor me inspire para que eu possa pintar com ternura a gratidão em ter convivido com Frei Jura, nosso irmão. Escrevo este artigo inspirado na expressão de carinho que ele usava a todos. Sempre com vocacionados, postulantes e os que serviam com ele o altar, os chamava de Meninos Ruins. Quando ele dizia isso, falava da sua bondade, da sua atenção, e do seu desejo de querer fazer de todos nós, que somos ruins, pessoas boas e envolvidas na graça de viver com alergia.

Como “Menino Ruim”, tento escrever, descrever e pintar com palavras a saudosa presença de um “Menino Bom”, com rosto de demonstrava alegria na graça de ser frade Capuchinho.

Em Sapopemba, quando pude conviver com Frei Juca, já com suas pernas já frágeis e feridas, ele, com dificuldade, caminhava subindo e descendo a rampa do Santuário de Fátima com o terço na mão e o coração cheio de desejos de visitar, servir, rezar e se dedicar totalmente.  Juca era a presença da ternura com todos que subiam e desciam aquela rampa sagrada. Ele, andando com dificuldade e mesmo assim andava, servia com alegria no cuidado aos doentes, nas visitas aos carentes e nas celebrações tão piedosas no altar de Fátima. Convivendo com ele tive a graça de saber o que é "conviver", viver com alguém que tem vida, tem ternura, tem alegria, a disposição e que, mesmo fragilizado, agradecia a o Dom de viver e conviver.

Esta foto dá-me a impressão de um Buda de orelhas grandes, atentas na graça de ouvir. A testa ampla, brilhante, cheia de memórias, guardava tudo e todos, nomes e lugares, fatos, feitos e histórias. Olha estes olhos atentos e felizes e acolhedores. Este nariz que sentia a graça de respirar e cheirar avida. Sua boca cerrada num sorriso de menino feliz de viver e de ser.

Quero mesmo agradecer tudo que ficou em nós de simplicidade, de alegria, de fraternidade, de sorriso largo, olhar profundo e coração de bondade. Saudosa lembrança, na gratidão de sua presença marcante que ficou na memória de todos nós após sua partida.

Em sua despedida, quando Frei Arcanjo iniciou a celebração para Frei Juca, ele emocionado, caiu em lágrimas. Minha vontade era de pegar o microfone que estava ao meu lado e dizer: Frei Arcanjo, valem, realmente, a emoção e as lágrimas, porque nossa Fraternidade Provincial está perdendo e sepultando a alegria franciscana, a simplicidade, a convivência fraterna, a ternura e a bondade.

Estamos sepultando tantas coisas, e que a memória do Juca nos ajude a nos ajude a investir mais na convivência fraterna de alegria e devoção entre nos Capuchinhos, e nós capuchinhos com o povo, onde vivemos e convivemos, sendo mais acolhedores, mais fraternos, mais simples e mais felizes na graça de ter professado o evangelho de nosso senhor Jesus Cristo como regra de nossa vida.

Agradecidos pelos lugares, fraternidade e tempo que pelas vias da santa simplicidade e alegria, Frei Juca nos acolhia sempre com devoção fraterna!

 

Gratidão, menino bom e santo e abençoe a nós Meninos Ruins, Amém!  

 

Amem sempre, como ele nos ensinou.

Autor:
Frei José Longarez
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