Vocação Presbiteral: a arte de gostar de pessoas!

Vocação Presbiteral: a arte de gostar de pessoas!

A verdade é que cada vocação, na Igreja, tem sua beleza própria e suas características peculiares. Não tem uma que seja mais bela doque a outra ou mais digna. A beleza da vocação e sua dignidade não estão, necessariamente, no serviço que se prestará, mas naquele que nos chamou! Sim, a beleza e a dignidade de uma vocação estão, de fato, naquele que nos chamou, que é Jesus Cristo. A vocação cristã, seja ela religiosa, matrimonial, presbiteral ou leiga, encontra sua essência e propósito no chamado de Jesus. Ele nos chama a viver uma vida de amor, serviço e santidade, e é através dele que encontramos significado e valor em nossa missão.

A dignidade de nossa vocação está em sermos colaboradores com Cristo na obra de salvação, refletindo Seu amor e Sua graça em todas as nossas ações. Portanto, ao reconhecer que a beleza e a dignidade de nossa vocação estão em Jesus, somos inspirados a viver de maneira íntegra e comprometida, sempre buscando ser fiéis ao chamado que Ele nos fez. Mas, o Decreto Presbyterorum Ordinis sobre o ministério e a vida dos sacerdotes, no primeiro parágrafo, diz: “Este sagrado Concílio já por várias vezes chamou a atenção de todos para a excelência da Ordem do presbiterado na Igreja. (...) Com efeito, os presbíteros, em virtude da sagrada ordenação e da missão que recebem das mãos dos Bispos, são promovidos ao serviço de Cristo mestre, sacerdote erei, de cujo ministério participam, mediante o qual a Igreja continuamente é edificada em Povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo”.

O maior destaque que se pode dar à vocação presbiteral, já vem assinalada no próprio decreto: uma vocação para ser promovido ao serviço de Cristo mestre, sacerdote e rei. A ordem do presbiterato, ou sacerdócio, ocupa uma posição de excelência na Igreja Católica devido a várias razões teológicas, litúrgicas e pastorais. Mas, tudo isso encontra sentido e realização quando estão na dimensão do serviço ao povo de Deus. Há quem se envaideça de ter abraçado essa vocação e sempre será um pastor autocentrado, cujo objetivo é aparecer mais do que o próprio Cristo. Mas, sem dúvida, os que a abraçaram coma consciência do serviço e da missão são em número muito maior e se realizam, sobretudo, quando retornam de suas missões e serviços com o cheiro das ovelhas.

O grande incentivo à pastoral vocacional na dimensão do presbiterato é um sacerdote feliz, serviçal, com “cheiro das ovelhas”, que transborda alegria em tudo que faz e realiza, mas sobretudo pela sua característica indispensável: gostar de pessoas! O carisma de um padre em gostar de pessoas é essencial para o seu ministério. Esse amor é refletido em suas ações diárias, no cuidado pastoral, na empatia, na hospitalidade e na dedicação ao serviço da comunidade. É através desse carisma que um padre pode verdadeiramente cumprir sua vocação e tocar a vida dos fiéis de maneira profunda e significativa.

O amor pastoral é o coração do ministério sacerdotal. Um padre é chamado a cuidar do rebanho de Cristo com compaixão e ternura. Esse cuidado inclui estar presente nas alegrias e nas tristezas das pessoas, oferecendo apoio, orientação e consolo. O carisma de gostar de pessoas também se traduz em uma dedicação incansável ao serviço. Isso inclui visitar os doentes, consolar os enlutados, atender confissões, celebrar a Eucaristia e outros sacramentos, e estar disponível para as necessidades dos fiéis a qualquer hora.

Por fim, um padre que gosta de pessoas vive uma vida que é um testemunho de amor e serviço. Sua própria vida é um exemplo de como seguir Cristo e amar ao próximo, inspirando outros a fazerem o mesmo. Quando um jovem nos procura para discernir sua vocação ao sacerdócio ordenado, nossa primeira pergunta deveria ser: você gosta de pessoas? Se gosta, o Espírito Santo se encarrega das outras belezas e virtudes necessárias para bem viver esta excelente vocação. Um sacerdote jamais deveria se esquecer de que a melhor propaganda vocacional é seu modo de amar o povo!

Autor:
Frei Mário Sérgio dos Santos, OFMCap
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