A Ordem dos Frades Menores surgiu em 1209, aprovada oralmente pelo Papa Inocêncio III. A Regra oficial só seria reconhecida em 1223. Francisco de Assis, fundador da Ordem, desejava viver uma vida de simplicidade, conforme ouvira do evangelho que diz: “não levem ouro ou prata, nem sacola ou alforje, nem pão, nem bastão, nem tenham duas túnicas” (Mt 10,9-10). O Fundador, imbuído desse espírito missionário, após ouvir essas palavras do evangelho e entendendo-as mais claramente, enfatiza sua nova opção de vida: “é isso que eu desejo realizar com todas as minhas forças” (LTC 25).
Desde os primórdios da Ordem, Francisco de Assis, por inspiração divina, tinha a preocupação de viver segundo a perfeição evangélica. E alguns, por seu exemplo, também começaram a abraçar este mesmo ideal de vida: abandonando tudo, vivendo sem nada de próprio, amando os seus, sendo respeitoso e honesto com os irmãos numa vida de simplicidade e afetividade (cf. 1B 3).
A 29 de maio de 1517, Leão X, com a bula Ite vos, separou a Ordem Franciscana em Frades Menores Conventuais e Observantes. Surgiram reformistas, divididos pelo dilema: viver a experiência fundante de Francisco ou adequar a Ordem aos tempos.
A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM.Cap) é um ramo da Família Franciscana que tem São Francisco de Assis como pai e fundador. Sem perder o carisma específico, esta Família Franciscana se dividiu em três ramos principais: Ordem dos Frades Menores (OFM), Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFM.Conv) e a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM.Cap).
Os Franciscanos Capuchinhos – Frades de hábito marrom e de capuz pontudo tivera início na Itália, no século XVI, com o objetivo de observar rigorosamente a “Regra e Vida dos Frades Menores, escrita por São Francisco de Assis, e praticar a Pobreza radical, a Oração contemplativa e a vida missionária anunciando a todos o Evangelho de Jesus Cristo.
O século XVI vivia um generalizado clima de reforma religiosa e, aqui, se situa a “Reforma Capuchinha”, aprovada pelo Papa Clemente VII (1522-1534) em 1528 mediante a bula Religionis zelus. Em 1529, o novo ramo Franciscano redigiu suas primeiras normas de vida, conhecidas como “Constituições de Albacina”, que foram aperfeiçoadas em 1536 com as novas “Constituições de Santa Eufêmia”.
Após muitas lutas e sofrimentos, a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, reconhecida pela Igreja Católica, espalhou-se por toda a Europa, zelando por sua comunhão com o Papa, por uma vida austera e por uma atividade missionária à luz do célebre Concílio de Trento (1545-1563)
Missionários por inspiração de origem, os Capuchinhos Franceses, trazidos pelas forças invasoras da Holanda calvinista, procuraram fixar-se no Brasil, primeiro em São Luís do Maranhão (1612) e, depois, em Olinda e Recife (1642).
Os Holandeses foram expulsos pelas forças portuguesas, mas os Capuchinhos, aprovados pela “Congregação da Propagação da Fé”, criaram raízes no Brasil como “Missionários Apostólicos”, até que o Estado absolutista português, em 1698, os expulsou sob o pretexto de serem estrangeiros e de serem suspeitos de traição política!
Em 1705, os Capuchinhos, agora, de procedência italiana, são convocados pelo próprio Imperador do Brasil para retomarem os trabalhos missionários junto aos índios, abandonados à própria sorte desde a expulsão dos Padres Jesuítas. “Os Capuchinhos foram heroicos missionários e leais servidores do Estado, amados pelos índios e pelo povo simples do Interior, onde pregaram Missões Populares, realizavam desobrigas e administravam, inclusive, paróquias. Receberam um merecido título de “Pais dos Índios”, dado pelos próprios indígenas. (Capuchinhos no Brasil, 9).
Com a proclamação da República e a separação entre Igreja e Estado, a vida missionária capuchinha ganha um novo impulso. Livre das amarras estatais (Igreja do Padroado), os Missionários Capuchinhos, agora, são enviados pela própria Ordem Capuchinha cujo Ministro Geral, Frei Bernardo de Andermatt reorganizou a atividade missionária em toda a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, mediante o “Estatuto das Missões” de 1887. Em força deste Estatuto, as Províncias Capuchinhas são responsáveis por todo trabalho missionário, desde o do envio dos frades até o sustento dos mesmos. E mais, cada Província Capuchinha deveria ter sua Frente Missionária.
A Itália Capuchinha “invade” o Brasil enviando missionários em quase todos os seus Estados, a partir de 1887. Os Missionários deviam ajudar na organização da Igreja local (diocesana) e no esforço para implantar a Ordem Capuchinha mediante vocações nativas. O Capuchinho italiano toma cor brasileira, inclusive, o Capuchinho Frances – Província de Sabóia, na França - enviado ao Rio Grande do Sul para dar assistência espiritual aos migrantes italianos da Região. Assim nasceram as Províncias e Custódias Capuchinhas no Brasil que deixaram a marca de suas sandálias franciscanas nas cidades e nos sertões brasileiros, com coragem apostólica invulgar.