As chegadas do missionário “Irmãos de todos” Brasil, Minas, Frutal – eis a missão sonhada

As chegadas do missionário “Irmãos de todos” Brasil, Minas, Frutal – eis a missão sonhada

Caros leitores,

Paz e Bem!

A vida do Servo de Deus Frei Gabriel de Frazzanò foi uma vida de oração e de serviço. Foi dessa forma que ele viveu sua consagração a Deus: fazendo o bem, indo ao encontro dos empobrecidos, do doente, socorrendo-os em suas necessidades. Conhecemos, pelos últimos artigos, a vida do Servo de Deus enquanto morou em Uberaba. Agora somos convidados a experimentar da itinerância franciscana e, junto com Frei Gabriel, nos dirigirmos para uma nossa terra. Contudo, não vamos muito distante, somente 130 km nos separam do destino seguinte, a cidade de Frutal, cidade berço que acolheu os Capuchinhos na chega às terras de Minas Gerais.

A pedido do bispo de Uberaba, Dom Frei Luiz Maria de Santana, também frade capuchinho, os frades chegaram a Frutal em 1936, mais precisamente no dia 22 de março. Foram eles: Frei Teodósio de Castelbuono, Frei Odorico de Resuttano, Frei Clemente de Maleto e Frei Leão de São Mauro, todos italianos.

Os Capuchinhos receberam a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo das mãos do Cônego Osório Ferreira dos Santos sendo Frei Teodósio o primeiro vigário Capuchinho. A extensão da paróquia era enorme e muito despovoada. Compreendia 3.040 quilômetros quadrados e as estradas eram poucas e ruins. O clima era muito quente, mas favorável devido aos 540 metros acima do nível do mar. Alguns meses depois de os frades assumirem a Paróquia de Frutal, chegava a segunda turma de missionários vindos de Messina, Itália, para colaborarem com os trabalhos e a implantação da Ordem nesta porção do Brasil. Dentre os missionários estava Frei Gabriel de Frazzanò. Chegaram ao Brasil, no porto de Santos, em 10 de outubro de 1936, às 16 horas, debaixo de mansa chuva. Com Frei Gabriel vieram Frei Antônio de Gangi, Frei João de Santo Estevão (Azolina) e Frei José de Gangi. Depois de visitarem São Paulo e outras cidades, os novos missionários se dirigiram para Frutal.

Atravessaram com muita emoção a ponte do rio Grande e admiraram-se ao ver uma embarcação fluvial. Na Itália não vira um rio tão grande. Era o dia 19 de outubro de 1936 e houve solene recepção aos frades por parte dos companheiros de hábitos e do povo em geral. Frei João acentuava jocosamente que as pessoas ficavam impressionadas fitando aqueles homens barbudos e de vestes longas, de cor marrom, com cordão à cintura e frágeis sandálias nos pés.

O Servo de Deus Frei Gabriel de Frazzanò, quando jovem veio para a missão (Arquivo PROCAMIG)

Como os frades não conhecessem a língua portuguesa, tiveram assim suas primeiras aulas com o advogado Cláudio de Queiroz Maia. Frei Gabriel tinha boa memória e boa vontade em aprender; perguntava sempre na cidade e nas roças os nomes dos objetos e dos animais e depois repetia com certa dificuldade. As pessoas riam sempre desse seu jeito esperto e espontâneo.

Mas, ele ficou pouco tempo em Frutal, configurando sua primeira estadia nessa cidade, sendo transferido para a cidade do Carmo do Paranaíba, segundo a determinação do superior. Em sua vida foram várias as transferências, foram muitos os lugares em que trabalhou, ajudando a construir igrejas, conventos e ajudando aos empobrecido. O Servo de Deus Frei Gabriel de Frazzanò viveu nas cidades de Carmo do Paranaíba, Belo Horizonte, Uberaba, mas foi em Frutal que ele desempenhou seu apostolado por muitos anos.

Pelos inícios de 1957, Frei Gabriel, vindo de Uberaba, chegou a Frutal trazendo sua mala simples de Frade Menor Capuchinho a serviço das comunidades religiosas e paroquiais. Desde logo granjeou muita estima e pôs-se ao trabalho humilde (conforme seu estilo pessoal) de ajudar na igreja, na sacristia, na cozinha do Convento, na assistência aos enfermos e no auxílio aos pobres. Frutal foi sua última morada.

De 19 a 29 de junho de 1959, Frei Gabriel ajudava ativamente nas missões pregadas pelos Padres Redentoristas. Já antes da vinda dos missionários ele preparava o povo, reunindo casais que viviam sem o sacramento e orientava outros paroquianos para a confissão e comunhão.  Nas atividades materiais ele estava sempre presente, ajudando, orientando, organizando e colocando-se a serviço. Nesta feita ele mesmo cuidou da ornamentação do carro-andor que levaria a imagem sagrada de Nossa Senhora durante a procissão de encerramento das Santas Missões. Tais missões foram de grande fruto espiritual. Nesta época se contabilizava a frequência aos sacramentos e, entre os outros atos de piedade, alcançou-se o montante de 4.200 comunhões e 1.385 pessoas confessadas.

Entre os dias 14 e 17 de julho de 1960 foi realizado o XVIII Congresso Vicentino das Dioceses de Uberaba e Patos de Minas. Estiveram presentes inúmeros confrades de outras paróquias, alguns presbíteros e os bispos Dom Alexandre Gonçalves Amaral, de Uberaba, Dom José André Coimbra, de Patos de Minas e Dom João Batista Cavati. Como sempre, Frei Gabriel foi atuante e seu nome estava na Comissão Central Organizadora juntamente com o nome de Frei Manuel, Frei Sante (o então vigário da paróquia), José de Souza e Silva e demais membros da Conferência Vicentina de Nossa Senhora do Carmo.

Havia, ainda, em Frutal a antiga Igreja Matriz em solene estilo colonial, mas muito danificada pelo tempo e pelas chuvas. Frei Teodósio logo que chegou viu o problema e começou a trabalhar junto ao povo e autoridades na edificação da nova e maior Matriz. No dia 16 de junho de 1961, Dom Alexandre benzia solenemente a nova Matriz. O Dr. Vinício Miziara fez a saudação em nome da comunidade ao Arcebispo. Houve administração da Crisma, pregações e tudo terminou com a bonita procissão. Frei Gabriel atuou com entusiasmo na preparação e na execução desse notável evento religioso para a cidade de Frutal.

Também na própria edificação do templo, o humilde frade coadjuvava a administração realizando tarefas materiais e pesadas. Não obstante seu estado de saúde, seu suor constante, ele não recusava labor. E era visto à frente, dando o exemplo do trabalho material e dedicado. A comunidade, reconhecida e agradecida, determinou prestar justa homenagem ao frade dedicado e amigo da cidade. A Câmara de Vereadores e o Prefeito resolveram por bem dar-lhe o título de “Cidadão Frutalense”. O que ocorreu em sessão de gala no dia 25 de dezembro de 1965. Essa honraria foi um símbolo do agradecimento que a cidade lhe retribuía por meio do reconhecimento público.

Mesmo elevado às honras e estimas públicas, o frade aceitava tudo sem vaidade, apenas pelo desejo de ajudar e de ser ajudado, assim, nas suas obras sociais e beneméritas que eram, afinal, de todos. Sem o dom de falar bonito, ele humildemente pedia a uma pessoa douta e amiga que por ele falasse e agradecesse a homenagem. Se lhe faltava o dom da oratória e da persuasão pela palavra erudita, sobrava-lhe e muito o dom ou carisma de ação, algo prático com que resolvia os problemas alheios.

Por hora ficamos com este breve sobre a estadia de Frei Gabriel em Frutal. Nos encontros seguintes trataremos mais dos pormenores e conheceremos mais sobre sua história. Em breve continuaremos a nossa jornada.

Paz e Bem!

Foto principal: A segunda turma de missionários (da esquerda para direita): Frei Gabriel de Frazzanò, frade desconhecido, Frei José de Gangi, e Frei João de Santo Estevão (Arquivo PROCAMIG)
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Frei Vicente da S. Pereira, OFMCap

Frei Glaicon G. Rosa, OFMCap


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Obs.: Pedimos às pessoas de Uberaba que se tiverem alguma lembrança, de algum fato, alguma história ou alguma foto do Servo de Deus Frei Gabriel, que entre em contato conosco pelo e-mail: freigabriel@capuchinhosmg.org.br.

Autor:
Vice Postulação da causa do Servo de Deus Frei Gabriel de Frazzanò
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