Relatos da missão - fevereiro de 2022
“O primeiro apostolado do frade menor é viver no mundo avida evangélica em verdade, simplicidade e alegria” (Constituições Capuchinhas147, 2)Nas últimas semanas pude estar nas Aldeias Tereré (Sidrolândia), Aldeinha (Anastácio), Lalima e Passarinho (Miranda).
Dias intensos de missão!
Na Aldeia Tereré, junto com o frei Francisco Menezes, isitamos boa parte dos catequizandos e preparamos o retorno dos encontros. Além disso, pudemos participar de um batizado tradicional da cultura terena.
Por esses dias pude conhecer a Aldeia Aldeinha em Anastácio num momento de dor da comunidade onde o luto foi vivenciado com a morte homem de 34 anos, por acidente de motocicleta. Naquela ocasião pude ouvir as necessidades que a comunidade vem passando pela negligência dos poderes públicos marcados pelo racismo e discriminação institucional.
A comunidade vem sofrendo descaso da Fundação Nacional do Índio(FUNAI: órgão governamental responsável pela questão indígena) que não atende as necessidades das 150 famílias residentes na aldeia. Por problemas surgidos no período de pandemia há muitos desempregados e, por isso, a dificuldade do básico já aparece com a falta de alimentos. O CIMI pode assim contribuir com algumas famílias de lactantes, gestantes e anciãos através de cestas básicas e fizemos um relatório de violência institucional.
Na outra semana, estive presente na aldeia Lalima, por ocasião do batizado tradicional do Allan Mathias (seu pai trabalha em nossa fraternidade como um cuidador dos idosos e sua mãe é uma jovem que há muitos anos já acompanhava a nossa presença junto às famílias de sua aldeia). Nesses dias, pude visitar muitas famílias, doentes e, assim, abençoar as casas, doentes e anciãos, conversar com pessoas que passam por algumas dificuldades e estabelecer com a liderança o trabalho de colheita de violências que a comunidade sofre.
Ao fim, voltando a Campo Grande, estivemos na Aldeia Passarinho, também em visita e parcerias quanto ao relatório de violências que o CIMI faz.
Dias que me deparei com casos extremos de violência, como descaso governamental levando a problemas como nas áreas de alimentação e saúde e o suicídio de um jovem terena de 16 anos. Também, me fez pensar ainda mais sobre a situação que vive os Terena que lutam por vida digna nas cidades do MS, ou seja, as realidades de indígenas urbanos que tanto é negada pela nossa sociedade.
Por outro lado, e o mais importante, estive com pessoas fortes, aprendi ainda mais sobre a cultura terena, partilhei realidades de esperança e alegrias que fazem a vida e a missão valerem a pena.