Como Cristo, a bem-aventurada Virgem, os santos João Batista e João Evangelista com uma multidão de anjos falavam com o bem-aventurado Francisco.
1 Quando São Francisco ainda vivia, foi recebido na Ordem um menino, ornado com a pureza de uma pomba e uma angélica inocência, e morava em um pequeno lugar onde os frades, por causa da penúria, descansavam na terra batida. 2 Um dia, São Francisco foi àquele pequeno lugar e, à noite, depois de dizer as completas, foi para a cama antes dos outros para levantar-se mais tarde, como era seu costume, quando os outros estivessem dormindo. 3 O menino pôs no coração que devia explorar cuidadosamente onde o santo ia e o que fazia quando se levantava de noite.
4 Para que o sono não o enganasse, amarrou seu cordão com o dele, para sentir quando o santo se levantasse, de modo que São Francisco nem percebeu quando o cordão foi amarrado.
5 Quando todos estavam dormindo profundamente, São Francisco levantou-se. Percebendo que estava sendo retido pelo cordão, soltou-o do cordão do menino, tão cuidadosamente que ele nem percebeu, e foi para uma colina onde, junto ao lugar, havia um bosque muito bonito para orar em solidão.
6 Quando o menino acordou e viu que seu cordão tinha sido desamarrado, levantou-se depressa para vigiar o santo pai, como se propusera. 7 Encontrando aberta a porta pela qual se ia para o bosque, percebeu que o santo tinha saído por ali e foi até o cume daquela colina, onde São Francisco se colocara para orar. Quando o menino já estava ali havia um pouco de tempo, começou a ouvir de longe a conversa de muitas pessoas.
8 Aproximando-se para entender melhor o que falavam, viu uma luz admirável, que rodeava o bem-aventurado Francisco por todos os lados. E nessa luz viu Cristo, a bem-aventurada Virgem gloriosa, São João Batista e São João Evangelista e a maior multidão de anjos falando com São Francisco. 9 Quando o menino viu tudo isso e ouviu a tremer, ficou em êxtase, no caminho pelo qual o santo ia voltar, e caiu como morto.
10 Quando acabou a conversação tão admirável e tão sagrada, São Francisco voltou para o lugar. Ao voltar, como ainda era noite, encontrou com os pés o menino, como morto, deitado no atalho. 11 Com pena dele, o santo pai levantou-o nos piedosos braços e, como o bom pastor, levou sua ovelhinha para a cama. Depois, quando soube pelo próprio menino da visão que tivera, mandou que não contasse a ninguém, enquanto o santo fosse vivo.
12 O menino obedeceu e cresceu numa grande graça de Deus e na devoção a São Francisco, terminando bem a vida na Ordem, como um homem de valor. Foi ele mesmo que contou aos frades, depois da morte de São Francisco.
Para louvor e glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.